Em 24h, o Brasil
registrou 474 mortes em decorrência do Covid-19. Foram 20 mortes por hora, o
que dá uma morte a cada três minutos. A quantidade de mortos, sem se levar em
consideração as subnotificações, já superou as mortes ocorridas na China, e não
param de crescer. Hospitais e cemitérios estão lotados, famílias estão
desesperadas. São homens, mulheres e crianças contaminados, relegados a um
canto qualquer de alguma unidade de atendimento médico. Os profissionais da
saúde, por sua vez, não estão menos desesperados, pois estão trabalhando além
daquilo que podem suportar, sem poder nem ao menos abraçar seus entes queridos.
O isolamento social, indispensável para se conter o avanço do vírus, tem
afetado a saúde mental de muitos. E o que dizer daquelas famílias que nem
sequer podem dar um funeral decente aos seus mortos?
Sim, há um misto de
desespero, tristeza e angústia a atacar a população brasileira. O momento, no
entanto, não permite a ninguém tripudiar sobre aqueles que votaram no atual
mandatário da República e que, infelizmente, estão infectados ou morreram. Esse
tipo de atitude serve apenas para nos reduzir enquanto seres humanos, pois, independentemente
da situação, a desumanização jamais deve se tornar uma opção, mesmo em tempos
de cólera.
Há, no país, um caos
generalizado. Tem-se a sensação, comprovada pelas notícias confiáveis que nos
chegam, de que pouco ou quase nada tem sido efetivamente feito pelo governo
federal para barrar o avanço da contaminação. Enquanto a maioria dos
governadores tenta salvar a população dos Estados que comandam, o país é
inundado todos os dias por milhares de notícias falsas, muitas delas divulgadas
por membros do próprio governo federal, que tentam desconstruir a importância
da população se proteger, mantendo-se socialmente isolada. É bastante curioso,
por exemplo, que pessoas com nível ralo de educação, como certos parlamentares,
por exemplo, insistam em tentar desacreditar cientistas que passaram suas vidas
estudando epidemias. Qual a resposta que
a justiça brasileira tem dado a esse tipo de crime? nenhuma. E assim seguimos à
deriva, vendo a cada novo dia, covas e covas serem abertas, corpos serem
empilhados e a morte a bater-nos à porta.
O país vive, ao mesmo
tempo, uma crise política, uma econômica e uma sanitária. Tais crises que, de
uma forma ou outra, estão interligadas, não poderiam ter explodido em pior
momento. Momento este em que o Brasil carece de uma liderança política que o
conduza em meio a tormenta. Mas já faz muito tempo que o Brasil não dispõe de
grandes lideranças (se é que algum dia as teve), uma vez que se acostumou à
mediocridade do toma-lá-dá-cá, modus operandi
eternamente em voga por aqui. Assim, aos mais altos poderes da República são
alçados os piores nomes. São filhos e netos de velhas raposas da política
nacional, que jamais fizeram algo na vida, a não ser mamar nas tetas do Estado.
São vereadores, deputados, governadores e senadores que deixam muito a desejar
àquilo que as funções que ocupam exigem. São ignorantes, autoritários e
culturalmente despreparados para o desempenho das funções que a Política
requer.
Quando surge uma situação
emergencial, como a que nos assola, que exige ação e expertise de gestão, a
experiência limítrofe de gabinete da maioria desses políticos, não serve para
absolutamente nada, assim como também não serve para nada ter chegado a alguma
das esferas do poder, simplesmente por ter entupido a Internet de robôs,
espalhando as mais imbecis das fake news,
aproveitando-se da ignorância de grande parte da população. Em uma situação
de crise sanitária, como a que estamos enfrentando, não adianta um político com
as características citadas vir a público e dizer que votou no candidato tal,
mesmo sabendo que ele era “um jumento”. É ridículo, pois, pelo que me consta,
jumento não vota em tigre.
Questionado acerca do
crescente número de mortos em decorrência do Coronavírus, o excelentíssimo
senhor presidente da república respondeu: “e daí?”. Em qualquer país sério, o
referido senhor já teria sido apeado do poder, processado e, provavelmente,
preso. Contudo, no Brasil, república de bananas (e bananinhas), na qual os
líderes políticos, aliados ao capital, faça chuva, faça sol ou pandemia,
trabalham, muitas vezes na calada da noite, contra a população. A herança
maldita do escravismo continua cada vez mais forte por aqui. Assim, não nos
surpreendamos se ao senhor presidente for perguntado mais uma vez sobre o
crescente número de mortos em decorrência do Covid-19 (e em decorrência do
descaso do seu governo). A resposta poderá ser um “foda-se”.
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