Quem viu a turnê Olé, dos Rolling Stones, pode, muito provavelmente, ter visto a última; pelo menos com o aparato gigantesco característico das apresentações da antológica banda. É que suas majestades satânicas estão envelhecendo. São todos senhores que já passaram dos setenta, e já fizeram e provaram de quase tudo que uma carreira de cinquenta anos de estrada pode proporcionar.
O coroamento da turnê Olé aconteceu com o show que a banda
apresentou no dia 25 de março, de 2016, na cidade de Havana, Cuba. Naturalmente
histórico, o concerto apresentado em Cuba foi batizado de Havana Moon, e se deu no momento em que Cuba e Estados Unidos restabeleceram
relações diplomáticas, com direito a visita do presidente Barack Obama à Ilha.
A presença de Keith, Jagger, Watts e Wood em Havana é memorável, uma vez que,
por mais de cinquenta anos o Rock, considerado música imperialista, havia sido
proibido na “ilha de Fidel”. Isso, no entanto, não impediu que, “subversivamente”,
o povo cubano ouvisse bandas como Beatles e Rolling Stones. Uma comprovação
disso foi a multidão que lotou o Estádio Cidade Desportiva, para entoar as
canções icônicas da banda britânica. Na platéia, jovens e velhos, amantes do bom
Rock ’n’ Roll, em êxtase, não perdiam sequer um verso ou um acorde emanados do
palco.
Num piscar de olhos, os
Rolling Stones estão no palco. Os acordes de Keith Richards anunciam “Jumpin’
Jack Flash”. Dalí pra frente será só magia. Os Rolling Stones estão em Cuba! No
decorrer do show, Mick Jagger, falando em espanhol, disse algo como: “Nós
sabemos que, por muitos e muitos anos, foi muito difícil escutar nossa música
em Cuba, mas agora nós estamos aqui nessa terra maravilhosa, e eu acho que,
finalmente, os tempos estão mudando. É verdade, não?”. À pergunta, o público
respondeu positivamente, em uníssono.
Como são todos os shows
dos Rolling Stones, o Havana Moon foi
mais um grande momento de mágica, entusiasmo e satisfação. O espetáculo à parte
foi dado, obviamente, pela beleza do povo cubano (fala-se em 1,2 milhão pessoas
presentes) em conexão com as imagens, os sons e os movimentos da lendária banda.
Quem não pôde estar em uma das quatro apresentações da turnê Olé, no Brasil (eu vi em São Paulo, no Morumbi), nem pôde vê-los em Cuba; já está disponível para venda o DVD/Blue Ray com o registro da apresentação histórica. O filme-concerto também foi exibido nos cinemas do Brasil no mês de outubro de 2016, bem como em vários outros países. O documentário traz treze canções: Jumpin’ Jack Flash, It’s only Rock’n’Roll (but I like it), Out of control, Angie, Paint it black, Honky tonk women, You got the silver, Midnight rambler, Gimme shelter, Sympathy for the devil, Brown sugar, You can’t always get what you want e, é claro, (I can’t get no) Satisfaction. Como bonus, tem-se: Tumbling dice, All down the line, Before they make me run, Miss You e Start me up.
De um show para o
outro, os Rolling Stones mudam muito pouco seu repertório. Isso só é possível quando
se tem um repertório todo composto de clássicos. Entre tantos, um dos momentos
altos do show é quando da canção “Gimme shelter” que, apesar da competentíssima
participação de Sasha Allen, nos faz sentir saudades da presença não menos majestosa
de Lisa Fisher. Mas, como diz aquela velha canção: “Nem sempre se pode ter tudo
aquilo que se deseja”. O DVD/Blue Ray da turnê acaba de chegar ao mercado.
Concluída a turnê Olé, os rapazes voltaram ao estúdio e
lançaram o trabalho Blue & Lonesome (2016).
Trata-se de um trabalho que remete às bases da banda, ou seja, o blues que, de
uma forma ou outra, sempre esteve presente nas produções do grupo. O disco
contém doze canções. A canção que dá nome ao trabalho é “Blue and Lonesome”, de
Walter Jacobs, gravada originalmente no ano de 1959. As demais são: Just your fool (Walter Jacobs), Commit
a crime (Chester Burnett), All of your love (Samuel Maghett), I gotta go (Walter
Jacobs), Everybody knows about my good things (Miles Grayson & Lermon
Horton), Ride ‘em on down (Eddie Taylor), Hate to see you go (Walter Jacobs),
Hoo doo blues (Otis Hicks & Jerry West), Little rain (Ewart G. Abner Jr.
& Jimmy Reed), Just like I treat you (Willie Dixon) e I can’t quit you baby
(Willie Dixon). Todas as faixas foram produzidas por Don
Was e os Glimmer Twins. Imperdível!
E quais os atuais
projetos dos Rolling Stones? Sabe-se lá. Quem é que pode dizer o que se passa
nas cabeças de quatro garotos rebeldes, inquietos e levados?
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