É sempre lindo andar na cidade de Brasília, assim como também o é em São Paulo ou Fortaleza. Cada uma dessas cidades possui seus próprios encantos, bem como suas próprias desesperanças. Andar por Brasília, no entanto, é como caminhar por dentro de um grande museu a céu aberto, onde abunda o traço do arquiteto. Difícil não gostar tanto dela assim!
Brasília é uma cidade de
gostos, olhares e sensações. Sob seu cinzento céu, há a forte presença do
poder, a beleza dos flamboyants, o oásis das quadras, a fascinação nos olhos do
turista e a tristeza no semblante do invisível morador de rua. Brasília é a
mais pura tradução da contradição! Em uma breve caminhada pelo seu Eixo
Monumental não há como não se entristecer perante o abandono e o descaso para
com o Teatro Nacional, uma das jóias da arquitetura de Niemeyer. Os palácios,
ao contrário, reluzem e esbanjam luxo e requinte sob o tremular do Pavilhão Nacional,
no mastro idealizado pelo arquiteto Sérgio Bernardes, em tempos não menos diferentes.
Por entre os jardins de Burle Marx, mendigos e pedintes avançam em direção ao
Congresso. Alguma coisa está fora da ordem?
Há, porém, inúmeras cidades dentro da mesma Brasília. E quando nos encaminhamos para o fechamento do ano de 2016, mais uma página infeliz da nossa história; Rodin e Matisse aportam na Capital Federal, como um bálsamo aos corações cansados. Falamos aqui, certamente, de duas das principais exposições em cartaz no Distrito Federal. A primeira, intitulada de Rodin – o despertar modernista é uma realização do Serviço de Gestão Cultural do Tribunal de Contas da União – TCU, com patrocínio da Confederação Nacional da Indústria – CNI, sob a curadoria de Marcus Lontra. A mostra começou no dia 17 de agosto e se manterá até o dia 05 de novembro de 2016; ocupando o Espaço Cultural Marcantonio Vilaça. Trata-se de um a exposição de fotografias e esculturas de Auguste Rodin, a maioria delas pertencentes à Pinacoteca de São Paulo. O TCU está de parabéns pela iniciativa! Esperemos que Rodin possa aportar nas outras capitais do país.
A Caixa Cultural, por sua
vez, apresenta a exposição Jazz, de
Henri Matisse, a qual ficará em Brasília até o dia 23 de dezembro de 2016,
sob a curadoria de Anna Paola Baptista. Trata-se da exposição do Álbum Jazz, de Matisse, pertencente ao acervo
dos Museus Castro Maya. Sobre a obra, Baptista
afirma:
Jazz é um dos mais belos
livros produzidos pela arte moderna. Para Henri Matisse (1869-1954), ele
significou a resposta ao desafio lançado pelo editor e crítico de arte grego
Tériade para a realização de um livro de arte baseado em seu trabalho com a
técnica dos papeis recortados.
A
história dessa edição durou cinco anos desde seu início, em 1942. Tanto o
formato quanto o título só foram definidos após 1944 e a decisão de também
criar e publicar um texto veio em 1946. Em 1947 foram impressos os 250
exemplares assinados por Matisse com as imagens au pouchoir – uma variação da serigrafia. O exemplar 196, objeto
dessa exposição, pertence ao acervo dos Museus Castro Maya, IBRAM / MinC.
(BAPTISTA, 2016: 7)
Assim sendo, é exatamente
essa relíquia da arte universal que pode ser vista de perto na Caixa Cultural
de Brasília, a qual mantém, simultaneamente, a exposição Metamorfoses – O papel no Acervo da Caixa, contendo 54 obras de
artistas brasileiros do século XX. Entre eles, Tarsila do Amaral, Tomie Ohtake,
Di Cavalcanti, Djanira e Fayga Ostrower.
Para o delírio da garotada,
até o dia 27 de novembro, tem-se a exposição da Turma do Pererê, do Ziraldo. A
mostra, denominada de Pererê do Brasil apresenta, cronologicamente, o
surgimento dos personagens que compõem a Turma do Pererê, e seu ponto de
destaque é a manutenção da linguagem das histórias em quadrinho transposta para o ambiente de
exposição. Além disso, vale muito a pena ver algumas reproduções de capas
históricas das revistas Pererê e Turma do Pererê. Em outras palavras, a
criatividade de Ziraldo continua encantando crianças de todas as idades.
Imperdível!
Imperdível também é a mostra
Mundo Giramundo, a qual ficará, no
mesmo espaço cultural, até o dia 27 de novembro de 2016, com curadoria de Beatriz Apocalypse, Ulisses Tavares e Marcos Malafaia. Sobre o Giramundo, convém
observarmos o que afirma Marcos Malafaia, no catálogo da exposição:
O
Giramundo foi criado em 1970, em Belo Horizonte, pelos artistas plásticos
Álvaro Apocalypse, Tereza Veloso e Madu. O grupo montou 34 espetáculos,
construindo acervo com aproximadamente 1500 bonecos. A atenção plástica e o
cuidado técnico na construção de bonecos e espetáculos, aliado ao interesse
pela cultura brasileira, proporcionaram reconhecimento nacional ao Giramundo,
colocando-o na história do Teatro Brasileiro.
Hoje,
a ideia de grupo de teatro, que guiou as atividades do Giramundo durante 30
anos, cede espaço para a de um núcleo multimídia, onde convivem bonecos reais e
imagens digitais. Essa mistura do teatro de bonecos e animação e a atuação como
“museu-teatro-escola” modelam o Giramundo. (MALAFAIA, 2016:7)
Brasília é assim. Felizes os
que cantam, pois, apesar de alguns, parafraseando Matisse, ainda é possível
encontrar a alegria do céu, nas árvores, nas flores. Há flores por toda a parte
para quem quer mesmo ver.
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Para saber mais:
Caixa Cultural Brasília > http://www.caixacultural.com.br/SitePages/unidade-home.aspx?uid=1
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Para saber mais:
Caixa Cultural Brasília > http://www.caixacultural.com.br/SitePages/unidade-home.aspx?uid=1
Espaço Cultural Marcantonio Vilaça > http://portal.tcu.gov.br/espaco-cultural-marcantonio-vilaca/home/home.htm
Grupo Giramundo > http://www.giramundo.org/
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