O ex-presidente Lula tem comido o pão que o diabo amassou. Tudo isso por ter botado na cabeça a “maldita” ideia de tirar a maioria da população pobre do país, da miséria na qual foi posta desde a conquista do Brasil. Ora, onde já viu uma coisa dessas! Nunca na história desse país alguém ousou colocar isso na prática. Executar essa tarefa foi o mesmo que “cutucar onça com vara curta” e, dizem as más línguas que no Brasil, o que não falta é onça; muitas delas descendentes de linhagens de velhas e traiçoeiras onças que vem se perpetuando não apenas pelas matas nativas dessa imensa nação, mas também por suas inúmeras cidades.
Parece-me, no entanto, que nem Lula, muito menos Dilma (haja vista ter feito sua defesa em plena cova dos leões), se deixam amedrontar por criaturas tão matreiras. Contudo, onças, leões, lobos, hienas e chacais costumam atacar em bandos, executando a estratégia de, primeiro encurralar a presa, fazendo-a sangrar, até que suas entranhas ainda quentes possam ser servidas em banquete.
O Brasil, conforme disse o escritor angolano José Eduardo Agualusa ao www.brasileiros.com.br, no dia 19/09/2016, foi seqüestrado por um grupo de delinqüentes. A afirmação do autor de Estação das chuvas (2000) traduz não apenas a preocupação dele, mas a de milhares de outras pessoas em relação às arbitrariedades que estão se dando de forma recorrente, em diferentes situações e lugares, Brasil afora. E onde Lula entra nesse balaio de onças? pois bem. A degola do ex-presidente é exatamente a peça que falta para a finalização daquilo que muitos especialistas denominam de golpe parlamentar. Assim, a cassação da presidenta Dilma teria sido apenas um dos movimentos nesse tresloucado xadrez de insanidades e rupturas (embora negadas) democráticas. Para sua efetivação do golpe, no entanto, resta mais um movimento, o qual consiste na criminalização e, consequente cassação dos direitos políticos de Lula, com o objetivo de impedi-lo de voltar ao poder nas eleições presidenciais de 2018. Para tanto, há todo um aparato jurídico-midiático disposto a dar esse xeque-mate na combalida democracia tupiniquim.
As onças, assim como as águas-vivas, não sabem de si. Tanto umas quanto as outras estão “procurando pente em cabeça de macaco”, como se vivessem em um universo paralelo. Sobre a falta de noção das águas-vivas, deixemos que fale Aline Valek (2016). Sobre onças e chacais, no entanto, podemos demonstrar algumas convicções (sem provas, claro), a respeito do que pode vir a acontecer em um futuro próximo, no “paraíso das hienas” no qual o Brasil foi transformado.
Enganam-se, por exemplo, aqueles que acham que a criminalização e o consequente encarceramento do ex-presidente Lula, trancafiando-o em uma das masmorras do Brasil, traria qualquer forma de paz a esse país. Muito pelo contrário. A nosso ver, é como tentar apagar um incêndio com gasolina. Lula já é enorme, e sua amplitude enquanto líder acabou por arrastar para sua órbita um grande número de anões anônimos, que jamais seriam notados, por serem inúteis, irrelevantes e ineptos. Sua visibilidade, no entanto, o transformou na “Geni da democracia brasileira”, a quem todos os medíocres querem se chegar e tirar-lhe um naco seja lá do que for.
Terminada essa vergonhosa novelinha de horrores, feita para engabelar os incautos, poucos serão aqueles que resistirão ao julgamento da história. Alguns já vão ficando pelo caminho, sufocados pelo vômito da sua própria mediocridade. Pedir, por exemplo, para que se esqueça o que uma vez se escreveu, é desnecessário quando já se está naturalmente esquecido, politicamente decrépito e moralmente desacreditado.
Nelson Mandela (1918 – 2013) foi condenado e preso por quase trinta anos, por defender seu povo contra o regime segregacionista do Apartheid. Hoje, o mundo todo sabe quem foi Mandela, mas poucos são aqueles que sabem o nome do juiz que o condenou ou quais eram os membros da Suprema Corte Sul Africana, que lavaram as mãos enquanto seus direitos eram negados. E o que dizer de Liu Xiaobo, ativista da Praça da Paz Celestial, vencedor do Nobel da Paz de 2010, mantido preso e incomunicável, em Pequim? Qual o nome daquele que o condenou? Em que lixeira da história foram parar aqueles que, respaldados pelo mais perfeito funcionamento das instituições, tolheram sua liberdade? Não sabemos sequer seus míseros nomes.
Nelson Mandela (1918 – 2013) foi condenado e preso por quase trinta anos, por defender seu povo contra o regime segregacionista do Apartheid. Hoje, o mundo todo sabe quem foi Mandela, mas poucos são aqueles que sabem o nome do juiz que o condenou ou quais eram os membros da Suprema Corte Sul Africana, que lavaram as mãos enquanto seus direitos eram negados. E o que dizer de Liu Xiaobo, ativista da Praça da Paz Celestial, vencedor do Nobel da Paz de 2010, mantido preso e incomunicável, em Pequim? Qual o nome daquele que o condenou? Em que lixeira da história foram parar aqueles que, respaldados pelo mais perfeito funcionamento das instituições, tolheram sua liberdade? Não sabemos sequer seus míseros nomes.
Lula é um homem da estirpe de Mandela e Xiaobo, pois é maior do que qualquer um dos seus detratores; não podendo ser contido pelas grades de uma cadeia. A contínua batalha de Lula em defesa da democracia brasileira, nos lembra de Santiago, o pescador de O velho e o mar (1952), de Ernest Hemingway (1899 – 1961), em sua luta sobrehumana para impedir que os tubarões devorassem o peixe que pescara. Em um determinado momento da narrativa, Santiago diz em voz alta: “mas o homem não foi feito para a derrota. Um homem pode ser destruído, mas nunca derrotado” (HEMINGWAY, 1980:91).
Lula é um desses santiagos que brotam mundo afora e, independentemente da maneira como tubarões e chacais o ataquem, jamais conseguirão derrotá-lo; pois quanto mais se persegue homens como Lula, mais eles crescem. Dessa forma, assim como o personagem hemingwayniano, Lula pode até ser destruído, mas nunca será derrotado. Aos medíocres, resta aceitar e viver com isso, pois para homens como Lula, a glória. Para outros, os pequenos, a lata de lixo da história ou, no máximo, referências em notinhas de rodapé que serão apagadas pelo tempo. Nada além.
Lula é um desses santiagos que brotam mundo afora e, independentemente da maneira como tubarões e chacais o ataquem, jamais conseguirão derrotá-lo; pois quanto mais se persegue homens como Lula, mais eles crescem. Dessa forma, assim como o personagem hemingwayniano, Lula pode até ser destruído, mas nunca será derrotado. Aos medíocres, resta aceitar e viver com isso, pois para homens como Lula, a glória. Para outros, os pequenos, a lata de lixo da história ou, no máximo, referências em notinhas de rodapé que serão apagadas pelo tempo. Nada além.
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