sábado, 28 de março de 2020

Ariano Suassuna - A Moça Caetana - A Morte Sertaneja



Ariano Suassuna
A Moça Caetana - A Morte Sertaneja (com tema de Deborah Brennand)
Eu vi a Morte, a moça Caetana,
com o Manto negro, rubro e amarelo.
Vi o inocente olhar, puro e perverso,
e os dentes de Coral da desumana.

Eu vi o Estrago, o bote, o ardor cruel,
os peitos fascinantes e esquisitos.
Na mão direita, a Cobra cascavel,
e na esquerda a Coral, rubi maldito.

Na fronte, uma coroa e o Gavião.
Nas espáduas, as Asas deslumbrantes
que, rufiando nas pedras do Sertão,

pairavam sobre Urtigas causticantes,
caules de prata, espinhos estrelados
e os cachos do meu Sangue iluminado.

Ballad Of The Skeletons (Balada dos Esqueletos), de Allen Ginsberg



Said the Presidential Skeleton
I won't sign the bill
Said the Speaker skeleton
Yes you will

Said the Representative Skeleton
I object
Said the Supreme Court skeleton
Whaddya expect

Said the Miltary skeleton
Buy Star Bombs
Said the Upperclass Skeleton
Starve unmarried moms

Said the Yahoo Skeleton
Stop dirty art
Said the Right Wing skeleton
Forget about yr heart

Said the Gnostic Skeleton
The Human Form's divine
Said the Moral Majority skeleton
No it's not it's mine

Said the Buddha Skeleton
Compassion is wealth
Said the Corporate skeleton
It's bad for your health

Said the Old Christ skeleton
Care for the Poor
Said the Son of God skeleton
AIDS needs cure

Said the Homophobe skeleton
Gay folk suck
Said the Heritage Policy skeleton
Blacks're outa luck

Said the Macho skeleton
Women in their place
Said the Fundamentalist skeleton
Increase human race

Said the Right-to-Life skeleton
Foetus has a soul
Said Pro Choice skeleton
Shove it up your hole

Said the Downsized skeleton
Robots got my job
Said the Tough-on-Crime skeleton
Tear gas the mob

Said the Governor skeleton
Cut school lunch
Said the Mayor skeleton
Eat the budget crunch

Said the Neo Conservative skeleton
Homeless off the street!
Said the Free Market skeleton
Use 'em up for meat

Said the Think Tank skeleton
Free Market's the way
Said the Saving & Loan skeleton
Make the State pay

Said the Chrysler skeleton
Pay for you & me
Said the Nuke Power skeleton
& me & me & me

Said the Ecologic skeleton
Keep Skies blue
Said the Multinational skeleton
What's it worth to you?

Said the NAFTA skeleton
Get rich, Free Trade
Said the Maquiladora skeleton
Sweat shops, low paid

Said the rich GATT skeleton
One world, high tech
Said the Underclass skeleton
Get it in the neck

Said the World Bank skeleton
Cut down your trees
Said the I.M.F. skeleton
Buy American cheese

Said the Underdeveloped skeleton
We want rice
Said Developed Nations' skeleton
Sell your bones for dice

Said the Ayatollah skeleton
Die writer die
Said Joe Stalin's skeleton
That's no lie

Said the Middle Kingdom skeleton
We swallowed Tibet
Said the Dalai Lama skeleton
Indigestion's whatcha get

Said the World Chorus skeleton
That's their fate
Said the U.S.A. skeleton
Gotta save Kuwait

Said the Petrochemical skeleton
Roar Bombers roar!
Said the Psychedelic skeleton
Smoke a dinosaur

Said Nancy's skeleton
Just say No
Said the Rasta skeleton
Blow Nancy Blow!!!

Said Demagogue skeleton
Don't smoke Pot
Said Alcoholic skeleton
Let your liver rot

Said the Junkie skeleton
Can't we get a fix?
Said the Big Brother skeleton
Jail the dirty pricks

Said the Mirror skeleton
Hey good looking
Said the Electric Chair skeleton
Hey what's cooking?

Said the Talkshow skeleton
Fuck you in the face
Said the Family Values skeleton
My family value's mace

Said the NY Times skeleton
That's not fit to print
Said the CIA skeleton
Cantcha take a hint?

Said the Network skeleton
Believe my lies
Said the Advertising skeleton
Don't get wise

Said the Media skeleton
Believe you me
Said the Couch-potato skeleton
What me worry?

Said the TV skeleton
Eat sound bites
Said the Newscast skeleton
That's all Goodnight

Disse o Esqueleto Presidencial
Eu não assinarei o projeto de lei
Disse o Esqueleto Palestrante
Sim, você irá

Disse o Esqueleto Representante
Eu protesto
Disse o Esqueleto da Suprema Corte
O que você esperava?

Disse o Esqueleto Militar
Compre Bombas
Disse o Esqueleto de classe alta
Deixem as mães solteiras famintas

Disse o Esqueleto Yahoo
Parem a arte obscena
Disse o Esqueleto da Asa Direita
Esqueça do seu coração

Disse o Esqueleto Agnóstico
O humano forma o divino
Disse o Esqueleto da Moral Majoritária
Não, não é meu

Disse o Esqueleto Budista
Compaixão é riqueza
Disse o Esqueleto Corporativo
É mal para a sua saúde

Disse o o Velho Esqueleto Cristão
Olhem pelos pobres
Disse o Esqueleto Filho de Deus
AIDS precisa de cura

Disse o Esqueleto Homofóbico
As pessoas gays são uma droga
Disse o Esqueleto da Polícia Patrimonial
Negros são sem sorte

Disse o Esqueleto Machista
Mulheres em seus lugares!
Disse o Esqueleto Fundamentalista
Aumentem a raça Humana

Disse o Esqueleto a favor da vida
Fetos tem alma
Disse o Esqueleto de pró escolha
Enfie no seu cu

Disse o Esqueleto rebaixado
Robôs tomaram meu emprego
Disse o Esqueleto de dureza contra o crime
Gás lacrimogêneo na multidão

Disse o Esqueleto governador
Cortem o lanche das escolas
Disse o Esqueleto Prefeito
Comam a crise de orçamento

Disse o Esqueleto Neo Conservador
Sem teto fora das ruas!
Disse o Esqueleto de Mercado Aberto
Usem eles para carne

Disse o Esqueleto reflexivo
Livre Mercado é o caminho
Disse o Esqueleto de Poupança e Empréstimo
Façam o estado pagar

Disse o Esqueleto Chrysler
Pague pra você e para mim
Disse o Esqueleto de poder nuclear
E eu e eu e eu

Disse o Esqueleto ecológico
Mantenham o céu azul
Disse o Esqueleto de Multinacional
O que vale a pena para você?

Disse o Esqueleto da NAFTA
Fiquem rico, Livre Comércio
Disse o Esqueleto maquiladora
Doces compras, preços baixos

Disse o rico Esqueleto da GATT
Um mundo, alta tecnologia
Disse o Esqueleto subclasse
Pegue pelo pescoço!

Disse o Esqueleto do Banco Mundial
Cortem suas árvores
Disse o Esqueleto do FMI
Comprem queijo americano

Disse o Esqueleto Subdesenvolvido
Nós queremos Arroz!
Disse o Esqueleto das nações desenvolvidas
Vendam seus ossos por dados

Disse o Esqueleto Aiatolá
Morra escritor, morra
Disse o Esqueleto Joe Stalin
Isso não é mentira

Disse o Esqueleto do Reino Médio
Nós engolimos o Tibet
Disse o Esqueleto Dalai Lama
Indigestão é o que você vai obter

Disse o Esqueleto do Coral Mundial
Esse é o destino deles
Disse o Esqueleto E.U.A
Temos que salvar o Kuwait

Disse o Esqueleto da Petroquímica
Rujam bombas, rujam!
Disse o Esqueleto Psicodelico
Fume um dinossauro

Disse o Esqueleto
Apenas diga não
Disse o Esqueleto rastafári
Sopre Nancy, sopre

Disse o Esqueleto Demagógico
Não fume maconha
Disse o Esqueleto Alcoólico
Deixe seu fígado apodrecer

Disse o Esqueleto Nóia
Não podemos obter um barato?
Disse o Esqueleto Grande Irmão
Prenda os idiotas sujos

Disse o Esqueleto Espelho
Hey, bonitão
Disse o Esqueleto da cadeira elétrica
Hey, o que está cozinhando?

Disse o Esqueleto do talkshow
Fodo-te na tua cara
Disse o Esqueleto dos bons modos familiar
Os valores da minha família são um porrete

Disse o Esqueleto N.Y. times
Isso não se encaixa para impressão
Disse o Esqueleto da C.I.A
Não pode dar uma pista?

Disse o Esqueleto da internet
Acredite nas minhas mentiras
Disse o Esqueleto publicitário
Não fiquem sábios!

Disse o Esqueleto da mídia
Acredite em mim
Disse o Esqueleto sedentário
Por que me preocupar?

Disse o Esqueleto da TV
Coma frases de efeito
Disse o Esqueleto do noticiário
Isso é tudo, boa noite




Bob Dylan lança a canção épica "Murder Most Foul".


Do UOL, em São Paulo 27/03/2020 08h11 

Bob Dylan lançou na noite de ontem sua primeira música inédita deste "Tempest", em 2012. "Murder Most Foul" é uma gravação longa, tem quase 17 minutos, é quase um épico, que começa falando sobre um assassinato, o de John F. Kennedy, e vai ampliando sua temática.






 "Em agradecimento a todos os meus fãs e seguidores, com gratidão por todo o seu apoio e lealdade ao longo dos anos. Essa é uma canção inédita e que nós gravamos há um tempo atrás e você pode achar interessante. Fique seguro, fique atento, e que Deus esteja com você". escreveu o músico no Twitter.


JOHN DONNE - NO MAN IS AN ISLAND


John Donne (1572 - 1631) foi o mais relevante dos poetas metafísicos ingleses. Seu poema "No man is an island" diz muito sobre a condição humana. Em tempos de isolamento social, convém (re)lermos o que nos diz o poeta.










quinta-feira, 26 de março de 2020

A PRIMEIRA PILHA DE CADÁVERES A GENTE NUNCA ESQUECE


O número de mortos pela pandemia do Coronavírus não para de crescer. Os números são alarmantes. Na verdade, assustadores. Enquanto os homens de terno e gravata discutem como salvar a economia, as pilhas de cadáveres vão se amontoando. Pra que perder tempo pensando como salvar essa gente preta, pobre e periférica? Esse pensamento estapafúrdio, que dominou as discussões políticas na Itália ainda no início da pandemia, acabou por transformar o território italiano numa espécie de terra devastada. Lá, a morte fez sua morada. Os velhos foram abandonados para morrer e, tenta-se desesperadamente salvar o restante da população.

A quantidade de mortos produzidos pela ambição neoliberal aliada à estupidez humana e à incompetência política já se aproxima da quantidade de mortos comum somente durante as grandes guerras. Como se não bastasse, tais fatores encontraram campo fértil num período de movimentos nonsense, como a defesa do terraplanismo e os movimentos antivacinas, assim como o ressurgimento de líderes fascistas no mundo inteiro. Essa mistura explosiva, obviamente, não poderia resultar em nada de bom que se pudesse aproveitar. É o resultado da saída do esgoto de todo tipo de criatura que só consegue viver nas sombras. À luz, tornam-se ácidas, violentas e perigosas por seu caráter naturalmente destrutivo. Nada de positivo lhes é observável. Vivem no ódio e dele se alimentam. São tóxicas e infecciosas. E assim o são por serem medíocres, incapazes e incompetentes.


A Balsa da Medusa (Le Randeau de la Méduse), de Théodore Géricault


E foi exatamente isso que ocorreu no Brasil pós golpe de 2016, tendo sido alçado ao poder um grupo de pessoas completamente despreparadas para lidar com o ambiente democrático, pautando-se por disseminar notícias falsas e perseguir opositores. Em pontos estratégicos da República foram colocados meros patetas bajuladores e incompetentes. Se não me falha a memória, até guru tem. Imagine você, caro leitor, que coisa mais bizarra. No que tudo isso poderia resultar? O momento de maior comprovação do erro que foi jogar o país nesse abismo, infelizmente se dá justamente agora, em meio a pandemia apocalíptica que se espraia por sobre o mundo e ameaça varrer a humanidade da face da terra, redonda, por sinal.

Repetindo os primeiros erros cometidos pela Itália, o presidente do país sugere que a população ore bastante, pois o deus dele proverá. Afinal, deve “pensar” ele: “Deus é brasileiro”. Seria louvável que o senhor presidente ficasse em seu palácio, orando em família, e deixasse os cientistas trabalharem na tentativa de impedir o genocídio que se aproxima. Mas não, lá está vossa excelência em cadeia de rádio e televisão vomitando os maiores absurdos acerca dos cuidados que se deve ter no que diz respeito a contaminação por Coronavírus. O pronunciamento do senhor presidente foi, no mínimo, criminoso. Contudo, ele e seus asseclas continuam a desafiar as Instituições da  República que, com exceção de um ou outro nome, já demonstraram ter se acovardado. Quando se disse que a eleição de alguém com o perfil autoritário, irresponsável e incompetente do atual mandatário empurraria o país para o caos, ouviu-se com frequência que as Instituições brasileiras eram sólidas e serviriam de freio e contrapeso a qualquer arroubo de autoritarismo que pudesse advir do referido político. Como se vê, essa foi apenas mais uma daquelas historinhas para enganar incautos e bovinos em geral. 

A praga bate à porta. Em breve, muito em breve, começarão a se amontoar cadáveres. As janelas batem panelas para ouvidos moucos. Agora é tarde. É preciso salvar a economia, dizem os fascistas ricos e inconsequentes. Agora é tarde, não adianta ler Camus. E os pobres? Fodam-se. Diria aquele general. Dizem, não quero crer, que o Ministro da Saúde sugeriu chá, canja de galinha e oração para conter a contaminação. Temos um Nobel de medicina a caminho, quem diria. As igrejas estão abertas. Deus proverá.  Após se amontoar a primeira pilha de cadáveres, resultado de aglomerações em missas e cultos, algum padre ou pastor pedirá perdão. Será tarde. Empresários pressionam os governadores e prefeitos a abrirem o comércio. É preciso lucrar. Lucrar sobre cadáveres. “A carne mais barata do mercado é a carne negra”. Afinal, serão apenas 5 ou 7 mil mortos. Todos velhinhos? Cem restaurante chiques não valem a vida do meu pai de oitenta anos.

Depois da primeira pilha de cadáveres já será tarde demais. Quem viver, verá. 

Parabéns aos envolvidos.

terça-feira, 24 de março de 2020

DAQUELES QUE LEVAM HITLER DENTRO DE SI


O senhor de escravos gargalhava num quase gozo toda vez que açoitava um de seus escravizados, fosse pela mais injustificada das razões. Aquele escravizado era seu. Era sua propriedade, seu objeto. E se, por acaso morresse debaixo do açoite, aquele homem ou aquela mulher não fariam falta, pois existiam centenas que logo lhe substituiriam.

Os tempos mudaram, mas a ânsia pelo poder, a ambição e a maldade humana continuaram a crescer e se fortificar no mais íntimo do ser humano. Os tempos mudaram e também mudaram os senhores de escravos. Hoje são donos de bancos, restaurantes famosos, marcas luxuosas, apresentadores de TV, empresários de sucesso etc. Também são políticos, artistas, modelos, pensadores... Para a maioria dessas pessoas, a vida humana não vale nada. E se essas vidas forem de pessoas pobres e pretas valem menos ainda. A esses senhores, que se autointitulam “cidadãos de bem”, somente o lucro importa. Somente a economia interessa. Vidas pobres, pretas e periféricas podem ser substituídas. Afinal, é para isso que se mantém a imensa massa de escravizados contemporâneos, amontoados em seus barracos, nas imensas favelas do mundo, destituídos dos direitos mais elementares.


Autor: Jean-Baptiste Debret

O “cidadão de bem”, fascista ovacionado por discursos e ações de governantes não menos fascistas, acredita que foi escolhido por um poder divino que o ungiu, colocando-o como o responsável por salvar o mundo, não importando quantos ficarão para trás, sejam 5 ou 7 mil corpos sobre os quais deveremos pisar para  que se mantenha a economia funcionando, mantendo-se assim os cofres cada vez mais cheios. E qual seria, parafraseando Matéi Visniec, a sensação da elasticidade quando se marcha sobre cadáveres? Seria, para esses senhores, a mesma sensação do gozo do açoite do senhor de escravos, certamente.

 E tem-se a pele lanhada do entregador de comida, a cara de angústia do vendedor da loja, a ilusão do arquiteto que trabalha como motorista de aplicativo, o empreendedor que nada empreende, a não ser no seu discurso em defesa de um estado mínimo e em favor de um neoliberalismo violento, selvagem e tacanho. São escravizados defendendo o escravizador. Ambos riem e se divertem, mas somente um é açoitado. É o que poderia se classificar como uma espécie de servidão voluntária. E aqui lembramos Étienne de La Boétie (1530 – 1563) e seu texto Discurso da servidão voluntária, de 1549, cada vez mais atual.

Alguns empregadores têm ido às redes conclamar seus funcionários a voltar a trabalhar, ignorando que o Brasil vive uma pandemia. Segundo eles, ignorando tudo que dizem os cientistas, tudo não passa de uma “gripezinha”. E isso tem sido repetido pelo próprio presidente de um país à deriva. Um desses senhores chegou a afirmar que “o Brasil não pode parar por causa de cinco ou sete mil mortes”. O referido “cidadão de bem” ainda afirmou que “as consequências que vamos ter economicamente no futuro vão ser muito maior do que as pessoas que vão morrer agora”. Ressalte-se que “as pessoas que vão morrer agora” são, para esse senhor, descartáveis, pois são pobres, ou seja, são facilmente substituíveis. Essa é a voz da elite brasileira. Na verdade, nem devemos classificar como elite, uma vez que são culturalmente ignorantes e politicamente iletrados. Só são “elite” pelo poder do dinheiro que detêm. É essa voz que ecoa desde o período colonial e tem se mantido ao longo dos tempos, sustentada, antes, pelo tráfico de seres humanos e pelo latifúndio, e hoje, pela exploração da mão de obra barata e pelo abuso do poder econômico.

É por razões assim que o  “Discurso sobre o colonialismo”, de Aimé Césaire (1913 – 2008), escrito entre os anos de 1948 e 1955, continua cada vez mais atual.

Um trecho, dos mais incisivos do referido texto diz:

(...) valeria a pena estudar clinicamente, com detalhes, as formas de Hitler e do hitlerismo, revelar-lhe ao mui distinto, mui humanista, mui cristão burguês do século XX que leva dentro de si um Hitler e que ignora que Hitler o habita, que Hitler é seu demônio, que, se o vitupera, é por falta de lógica, e que no fundo o que não é perdoável em Hitler não é o crime em si, o crime contra o homem, não é a humilhação do homem em si, senão o crime contra o homem branco, é a humilhação do homem branco, e haver aplicado na Europa procedimentos colonialistas que até agora só concerniam aos árabes da Argélia, aos coolies da Índia e aos negros da África. (CÉSAIRE, 2010: 21-22).

A sanha escravagista do burguês tupiniquim em consonância com os chacais e hienas da política nacional empurram o país para o abismo, marginalizam seu povo e pisam-lhe o pescoço, enquanto agonizam de cara na lama do caos, resultado do projeto de estado que há muito tempo foi posto em ação e que tem sido atualizado governo após governo.

Assim, nesse contexto, a pandemia de coronavírus é apenas mais um fator determinante no processo de genocídio daqueles que já não possuem mais nada a perder. A sorte está lançada. A economia ou a vida.