quinta-feira, 31 de outubro de 2019
sábado, 19 de outubro de 2019
RFI ENTREVISTA SEBASTIÃO SALGADO
18/10/2019
Por Adriana Brandão
O fotógrafo brasileiro
Sebastião Salgado é um dos convidados de destaque da Feira do Livro de
Frankfurt, que acontece neste momento. Neste domingo (20), ele recebe o Prêmio
da Paz concedido pelo setor editorial alemão que é uma das principais
recompensas culturais da Alemanha. Nesta entrevista exclusiva à RFI, em
Frankfurt, ele fala de seu trabalho e engajamento ecológico. Salgado diz temer
fotografar um mundo em extinção se não tomarmos cuidado e revela ter esperanças
que Bolsonaro possa mudar e se “transformar em um aliado de proteção da
Amazônia”.
Sebastião Salgado é o primeiro fotógrafo a receber o
Prêmio da Paz do Comércio Livreiro alemão. Ele foi escolhido por seu trabalho
que promove justiça e paz social, além disso de alertar, com suas fotos em
preto e branco, para a necessidade de se preservar a natureza. Leia abaixo a
entrevista completa:
Qual a foi a sua reação com
mais esta recompensa?
“Eu fiquei muito surpreso de receber esta recompensa por
que eu sou o primeiro fotógrafo que recebê-la. Ela existe desde o final dos
anos 40 e foi dada a políticos, cientistas, escritores. Estou muito honrado.”
Um reconhecimento da fotografia
como linguagem?
“A fotografia é uma linguagem e uma linguagem muito
poderosa. Das linguagens de comunicação, somente a fotografia e a música podem
ser transmitidas sem tradução. O que você escreve em fotografia no Brasil, por
um brasileiro, pode ser lido na China, no Japão, sem nenhuma tradução. A
linguagem da imagem é uma linguagem direta e muito compreensível.”
Você está sendo recompensado
tanto pela estética quanto por seu engajamento social e ecológico?
“Sim. Pela estética porque a minha linguagem é
profundamente estética por que eu trabalho com o quadro, eu escrevo com a luz.
O engajamento social, eu acho que ele é importante e está tendo um certo
reconhecimento.”
Você teve que adaptar sua
estética ao longo dos anos, desde quando começou a fotografar na África no
início dos anos 1970 até as fotografias da natureza, dos locais preservados do
planeta?
“Não. Eu acho que se você misturar minhas fotografias do
início dos anos 70 e com as de agora, você não vê muita diferença. Cada
fotógrafo trabalha com a sua herança global, que é a sua ideologia, sua
história, de onde ele veio, sua família, sua comunidade de origem. Misturando
tudo isso, você forma uma personalidade, uma maneira de ver e você fotografa
assim a sua vida inteira.”
Ao atribuir o prêmio, a
Federação do Comércio Livreiro Alemão ressaltou também o Instituto Terra que
você criou, em 1998, com sua esposa, Lélia Wanick Salgado. Vocês reflorestaram
uma área degradada e criaram um reserva natural em Aimorés. Por que sentiu
necessidade de passar à ação?
“Eu não tive uma necessidade, foi um pouco casual a
criação do Instituto Terra. Meus pais ficaram velhos e tiveram a ideia de
transferir a fazenda que tinham para a Lélia e para mim. E a Lélia teve a
ideia de replantar uma floresta por que a terra estava tão degradada e morta
como toda a terra da nossa região do vale do Rio Doce no Brasil. E ai nós nos
aproximamos da natureza. Até então, eu não tinha uma maior preocupação
ecológica. Claro que eu nasci na natureza, vivi na natureza e a maioria das
minhas fotografias são ligadas da natureza. Mas foi só a partir deste momento
que nós nos dedicamos a natureza e hoje, a natureza é uma das coisas mais
importantes que existe na nossa vida.”
Você está terminando seu novo
projeto sobre a Amazônia, fotografando os índios da região, justamente neste
momento de crise provocada pelos incêndios na floresta. Você teme estar fotografando
um mundo em extinção?
“Se a gente não tomar cuidado, será um mundo em extinção,
mas se a gente tomar cuidado, se a comunidade internacional, todos os
brasileiros juntos acordarem, a Amazônia pode ser protegida. Além dela ser
importantíssima pela distribuição da umidade no mundo, ela contém um terço de
todas as águas doces do planeta. Ela tem que ser preservada. Nós podemos ter
outra opção econômica para a Amazônia do que a economia predatória que está
sendo imposta à região.
Nós podemos ter uma economia mil vezes mais inteligente,
podemos criar o maior espaço turístico do planeta, podemos criar o maior
provedor de alimentos biológicos, podemos prover a indústria farmacêutica do
planeta inteiro, permitindo que as comunidades locais participem desse processo.
A Amazônia tem a vantagem imensa de ter uma população de mais de 25 milhões de
pessoas, que é quase a população do Canadá. A maioria dos habitantes é de
ribeirinhos que falam bem a língua portuguesa e necessitam de uma melhor
penetração econômica.
As fazendas de soja, de gado, não empregam ninguém. Elas
só são predatórias. Elas não levam a nenhum futuro da Amazônia. Só a porção de
floresta que estamos destruindo vale muito mais do que tudo que uma fazenda de
soja ou de gado pode gerar em sua história. Nós podemos obter desse espaço
amazônico um retorno econômico muitíssimas vezes maior do que nós estamos
obtendo hoje destruindo a Amazônia.”
Isso é possível com o atual
governo brasileiro?
“Ê difícil por que a proposta básica com a qual foi
eleito o presidente do Brasil é uma proposta puramente predatória. Mas as
pessoas podem evoluir. O senhor Bolsonaro pode mudar de opinião. Ele pode se
transformar em um aliado de proteção da Amazônia. Por que não? Ele é um homem
que tem um poder imenso. Ele foi eleito democraticamente pela maioria dos
brasileiros. Eu tenho uma grande esperança que ele se transforme numa pessoa
que tenha uma preocupação com o futuro da humanidade, porque depredando,
propondo uma economia de destruição, ele está contribuindo de uma maneira
brutal para o aquecimento global, para a destruição de todas as concentrações
de gelo do mundo. Isso vai elevar rapidamente o nível de água dos oceanos, o
que vai levar a destruição de uma grande parte da costa brasileira.”
terça-feira, 15 de outubro de 2019
A "DOENÇA DE ÍNDIO" E AS ORIGENS DA PSICOPATIA FASCISTA: UMA AULA
A Diretora de uma determinada escola encaminhou uma aluna ao posto de saúde pois, conforme ela, a garota estava acometida de "doença de índio". Depois de examinar a menina, o médico a encaminhou de volta à escola com o seguinte comunicado, devidamente timbrado e assinado:
À diretora da Escola ________________________________,
Venho através deste, informar que a doença que minha paciente ______________________ apresenta não possui etiologia relacionada à sua etnia/raça. Sua aluna não apresenta nenhuma condição infecto contagiosa. A condição da psicopatia fascista, essa sim, possui etiologia de origem branca europeia.
Atenciosamente
Henrique S. Passos
Médico
Abaixo, a reprodução do comunicado original:
segunda-feira, 14 de outubro de 2019
Transcript: Greta Thunberg's Speech At The U.N. Climate Action Summit
Transcript: Greta Thunberg's Speech At The U.N. Climate Action Summit
September
23, 2019
Climate activist
Greta Thunberg, 16, addressed the U.N.'s Climate Action Summit in New York City
on Monday. Here's the full transcript of Thunberg's speech, beginning with her
response to a question about the message she has for world leaders.
"My message is that we'll be
watching you.
"This is all wrong. I shouldn't
be up here. I should be back in school on the other side of the ocean. Yet you
all come to us young people for hope. How dare you!
"You have stolen my dreams and
my childhood with your empty words. And yet I'm one of the lucky ones. People
are suffering. People are dying. Entire ecosystems are collapsing. We are in
the beginning of a mass extinction, and all you can talk about is money and
fairy tales of eternal economic growth. How dare you!
"For more than 30 years, the
science has been crystal clear. How dare you continue to look away and come
here saying that you're doing enough, when the politics and solutions needed
are still nowhere in sight.
"You say you hear us and that
you understand the urgency. But no matter how sad and angry I am, I do not want
to believe that. Because if you really understood the situation and still kept
on failing to act, then you would be evil. And that I refuse to believe.
"The popular idea of cutting our
emissions in half in 10 years only gives us a 50% chance of staying below 1.5
degrees [Celsius], and the risk of setting off irreversible chain reactions beyond
human control.
"Fifty percent may be acceptable
to you. But those numbers do not include tipping points, most feedback loops,
additional warming hidden by toxic air pollution or the aspects of equity and
climate justice. They also rely on my generation sucking hundreds of billions
of tons of your CO2 out of the air with technologies that barely exist.
"So a 50% risk is simply not
acceptable to us — we who have to live with the consequences.
"To have a 67% chance of staying
below a 1.5 degrees global temperature rise – the best odds given by the
[Intergovernmental Panel on Climate Change] – the world had 420 gigatons of CO2
left to emit back on Jan. 1st, 2018. Today that figure is already down to less
than 350 gigatons.
"How dare you pretend that this
can be solved with just 'business as usual' and some technical solutions? With
today's emissions levels, that remaining CO2 budget will be entirely gone
within less than 8 1/2 years.
"There will not be any solutions
or plans presented in line with these figures here today, because these numbers
are too uncomfortable. And you are still not mature enough to tell it like it
is.
"You are failing us. But the
young people are starting to understand your betrayal. The eyes of all future
generations are upon you. And if you choose to fail us, I say: We will never
forgive you.
"We will not let you get away
with this. Right here, right now is where we draw the line. The world is waking
up. And change is coming, whether you like it or not.
"Thank you."
Disponível em: https://www.npr.org/2019/09/23/763452863/transcript-greta-thunbergs-speech-at-the-u-n-climate-action-summit
terça-feira, 8 de outubro de 2019
Não estou nem aí para o Brasil, por Leoni Siqueira
Do Medium
Por Leoni Siqueira
Por Leoni Siqueira
Não tô nem aí pro Brasil. Muito menos para a identidade nacional. Isso não quer dizer que despreze o povo que mora aqui ou o que se produziu de cultura dentro das nossas fronteiras. De jeito nenhum. Poderia me ufanar tanto disso que pareceria até um patriota, com perdão da má palavra. A música brasileira é uma unanimidade mundial. Tom Jobim, Gilberto Gil, Carmem Miranda e Caetano fizeram mais pela imagem do Brasil no mundo que todos os Ministros do Turismo juntos. Num país de analfabetos, ajudou a inventar e uniformizar o português do Brasil. Muito mais que qualquer texto fundador. Nossa literatura é riquíssima e muito original. Como não se apaixonar por Machado de Assis, Clarice Lispector, Drummond, Guimarães Rosa e tantos outros e outras? Nosso cinema finalmente vem encontrando reconhecimento mundial. Não é isso. Minha questão é de outra ordem.
Não tô nem aí pro Brasil porque, se existe esse país, foi por conta de muita violência por parte dos portugueses, com colaborações eventuais de franceses e holandeses, e a conivência dos indefectíveis ingleses. A missão “civilizatória” do homem branco.
Existir esse país significa que se passou o rolo compressor colonial por cima de centenas, talvez milhares, de nações indígenas, que foram tratadas como se fossem um só povo, e que receberam esse ridículo nome genérico, índios, por causa de um projeto mal sucedido de chegar às Índias. O genocídio indígena, ainda em curso, é uma das grandes chagas da invenção desse país.
A existência da nação brasileira incluiu a escravização de milhões de seres humanos na África, seu desterro para cá, desprovidos de quaisquer direitos e de sua humanidade. Vindos de reinos diversos, com crenças, línguas e hábitos diferentes, também eram tratados genericamente, mesmo que, na época da Lei Áurea, representassem a maioria da população no nosso território. Para quem não acredita, no censo de 1872, único realizado no Segundo Império, negros eram 58%, brancos, 38% e indígenas, 4%. Essa imensa massa populacional de imigrantes forçados foi segregada e silenciada pelo racismo e pelo medo dos portugueses. Além disso, foi iniciada uma enorme campanha de embranquecimento da população com o incentivo à imigração de europeus para o trabalho no campo. Esse projeto ainda não acabou, continua no genocídio da política de segurança praticado contra os moradores das comunidades mais pobres.
Toda essa riqueza cultural, toda essa mistura de centenas de povos e línguas foi meticulosamente apagada pelos portugueses, que exterminaram a maior parte da população indígena, afastando das cidades os que sobraram, e criminalizaram os negros libertos e sua cultura. Tudo que não era espelho da civilização europeia foi chamado de selvagem ou bárbaro, e marginalizado ou dizimado. Todo conhecimento que não fosse baseado na racionalidade, na ciência e na escrita teria que ser “iluminado” pelos “civilizados”.
Se existe o Brasil é porque o projeto colonialista foi bem sucedido e, no meio de tanta multiplicidade, apenas a língua portuguesa, a religião católica e os modos de produção europeus passaram a ter validade.
O Brasil é uma ficção criada para garantir aos portugueses e a seus descendentes o controle sobre um enorme território e suas riquezas naturais, que foi e é explorado sem piedade. Garantiu também o controle sobre os corpos de seres humanos que não tinham em suas vivências o horror pelo desejo e pelo prazer, que não tinham a culpa católica inscrita em seu DNA. Esse controle se fez pela força e pela catequese compulsória.
Em resumo, o Brasil de hoje é uma distopia em relação ao que poderíamos ter sido se tivéssemos conseguido conviver com as diferenças. Se pudéssemos nos permitir a empatia e a curiosidade pelo outro. Que inúmeras outras formas de viver, de criar, de desfrutar a vida e de se relacionar com o nosso ambiente poderíamos ter desenvolvido?
Por isso não tô nem aí pra tal da identidade nacional. Sei que nossos artistas estavam imbuídos da maior boa vontade quando discutiam como deixar de ser submissos aos padrões europeus e criar uma literatura tipicamente brasileira. Tentando captar a “alma brasileira”, acabaram sendo úteis na invenção dessa narrativa que nos justifica e nos estabelece como um povo único e razoavelmente homogêneo — alguém realmente acredita nessa homogeneidade que une o índio acreano e o sulista de origem alemã? Que tipicidade pode ter um povo cuja população foi, na sua maioria, calada e submetida às práticas e crenças de uma minoria?
Certo estava Borges quando disse que jamais seria um escritor nacionalista porque o conceito de nação era uma criação europeia. Ser nacionalista numa colônia significa aceitar a dominação ideológica da metrópole, que, sem se interessar nem um pouco pela história dos habitantes originários, desenha as fronteiras que lhe interessam, reunindo desafetos e separando aliados, determinando quem entra e quem sai, que atividades são permitidas e quais línguas e deuses são aceitáveis. Até a música passa pelo crivo dos “civilizados”, que já proibiram o samba e agora combatem o funk.
A literatura mesmo, enquanto arte, impôs a uma população quase totalmente ágrafa a primazia da escrita. A tradição oral entrou para o rol das práticas pré-modernas, selvagens, inferiores, irrelevantes. A burocracia portuguesa, a quantidade de papéis necessários para a comprovação da vida, da propriedade, dos laços familiares, de todos os atos importantes e até da morte, separava quem tinha uma história e quem oficialmente não existia.
Portanto não me venham falar de patriotismo. Não me peçam amor à bandeira ou ao hino. Afinal, quem esses símbolos representam? E pior, quem eles oprimem e escondem? Enquanto não incluirmos todas as vozes que habitam essas fronteiras arbitrárias no diálogo nacional; enquanto não aceitarmos toda a diversidade cultural, todos os saberes, todas as línguas, todos os corpos, todos os gêneros e todos os deuses como igualmente brasileiros; enquanto o projeto for de preservação desse legado de violência e submissão; enquanto se puder falar impunemente que temos que preservar nossas “tradições judaico-cristãs”, não tô nem aí para o Brasil.
Carlos de Assumpção: Protesto, um filme de Alberto Pucheu
Alberto Pucheu
26 de setembro de 2019
Pesquisando para compor, a convite de Daysi Bregantini, a revista CULT Antologia Poética, no dia 2 de junho, cheguei, pelo Youtube, ao poema “Protesto”, de Carlos de Assumpção, falado por ele mesmo em gravação caseira. Fiquei inteiramente impactado por aquele poema grandioso lido daquela forma igualmente grandiosa por aquele poeta, que eu desconhecia completamente. Na mesma hora, incluí-o na revista, postei o link – para poder divulgá-lo – e comecei a procurar seus livros, tarefa das mais árduas.
Com ajuda de Marta Resende, acabei por encontrar um deles; depois, vieram os outros. Minha surpresa se deu ainda pelo fato de inúmeros poetas, professores e críticos com quem me relaciono tampouco o conhecerem. Depois, descobri que ele e seu poema “Protesto” eram conhecidos, sobretudo, pelas pessoas mais velhas participantes do movimento negro e por alguns poetas negros subsequentes. Quem era aquele poeta, de 92 anos, negro, desconhecido por mim e pela grande maioria das pessoas, mesmo das que lidam diretamente com poesia? Consegui contatá-lo e, no dia 19 de julho, eu e minha companheira, a poeta Danielle Magalhães, estávamos na casa dele. Filmamos nossas conversas com esse imenso poeta por três dias, para fazer o que viria a ser “Carlos de Assumpção: Protesto”, que, com o apoio da mesma revista CULT, disponibilizamos agora para ser visto. De volta da viagem à Franca até dia 6 de agosto, editei incessantemente o filme.
Por generosidade do cineasta e produtor de cinema Cavi Borges, fomos convidados por ele a passar duas sessões do filme, no dia 30 de agosto, em uma pequena sala do Estação Net Botafogo. No dia 13 de agosto, com alguma sorte, por indicação de Eucanaã Ferraz, Marco Rodrigo Miranda Almeida, jornalista da Ilustríssima, da Folha de S.Paulo, me procurou para que eu escrevesse sobre Manoel de Barros. Em um congresso em Aracaju, eu não tinha como atender a solicitação, mas contrapropus um texto sobre Carlos de Assumpção, a quem vinha me dedicando e tinha o firme propósito em torná-lo conhecido por um público maior, que foi logo aceita. Marco ainda enviou Ricardo Benichio para fotografar o poeta, que tirou fotografias lindíssimas dele. A repercussão do texto na Folha foi muito maior do que eu, ao partir para fazer o filme com ele poucos meses antes, poderia sonhar. No dia seguinte à publicação da matéria, uma grande editora me ligou, querendo publicá-lo em março de 2020, e o contrato com ele está em vias de ser assinado.
Voltamos à Franca para passar o filme para ele, seus amigos e admiradores nos dias 14 e 15 de setembro, em sessões muito comoventes. No domingo, dia 15, saiu no jornal da cidade, Comércio, uma matéria intitulada “Carlos de Assumpção, o filme”. No momento, em uma de minhas turmas de Teoria Literária na UFRJ, venho estudando, com os alunos, a poesia de Carlos de Assumpção. A convite de alguns professores, o filme tem sido passado algumas vezes, neste mês, na Faculdade de Letras. Tenho recebido convites para passar o filme em centros culturais, bibliotecas etc. Saibam, entretanto, que não se trata de maneira alguma de um filme de cineasta, mas de um filme amador, de um apaixonado pela poesia, de um poeta, de um professor, de um crítico literário. Nesses filmes que tenho feito, meu objetivo é tanto resguardar a memória de poetas, guardá-las em conversa e falando seus poemas, quanto, na medida do possível, intervir em nosso meio de poesia e, se possível, para além dele. Assista o documentário na íntegra abaixo:
Alberto Pucheu é poeta e professor de Teoria Literária na UFRJ. Publicou, entre outros, de Que porra é essa – poesia?, A fronteira desguarnecida e Para que poetas em tempos de terrorismo?
CARTA RARA DE JANE AUSTEN À IRMÃ VAI A LEILÃO
Kept in a private collection for more than a century, the 1813 letter to
the author’s sister Cassandra details her thoughts on dentists, fashion and
daily life.
Caps with “large full bows of very
narrow ribbon … one over the right temple, perhaps, and another at the left
ear” were the height of fashion in 1813 – at least according to Jane
Austen, who informs her sister Cassandra of the latest trend in a rare
letter that will be auctioned at Bonhams in New York next month.
Letters from Austen seldom come up
for auction, because Cassandra and other members of the novelist’s family
destroyed the majority of them in the 1840s. Of the estimated 3,000 missives written
by Austen, only around 161 survive, of which around 95 are to Cassandra.
Austen
to her sister Cassandra, from 16 September 1813. Photograph: Bonhams
The letter, dated 16 September 1813
and written shortly after the publication of Pride and Prejudice, runs to four
pages. Dealing with everything from a trip to the dentist with her nieces to
her mother’s health (Austen is hopeful she is “no longer in need of leeches”),
it is “a gem”, according to Kathryn Sutherland, an Austen scholar and trustee
of Jane Austen’s House Museum.
Bonhams, which will auction the
letter on 23 October, said it is “full of lively detail, wit and charm”,
vividly echoing the world [Austen] deftly portrayed in her novels” and “written
at the height of [her] literary powers”.
“The poor Girls & their Teeth!”
writes Austen at one point. “Lizzy’s were filed & lamented over again &
poor Marianne had two taken out after all ... we heard each of the two sharp
hasty screams.” The dentist, she adds, “must be a Lover of Teeth & Money
& Mischief” – she “would not have had him look at mine for a shilling a
tooth & double it”.
She also mentions a visit to a “Mrs
T”. This is Fanny Tilson, the wife of Henry Austen’s business partner, James
Tilson, who had given birth to at least 11 children by that point. Austen finds
her “as affectionate & pleasing as ever”, but notes to her sister that
“from her appearance I suspect her to be in the family way. Poor Woman!”
With just a few words, the novelist
conjures up for her sister an image of her situation: “We are now all four of
us young Ladies sitting round the Circular Table in the inner room writing our
Letters, while the two Brothers are having a comfortable coze in the room
adjoining.” This use of “coze” predates the word’s first recorded appearance in
print – in Austen’s own novel Mansfield Park, in 1814.
Austen also takes a deep dive into
the world of headgear. “My cap is come home, and I like it very much,” she informs
Cassandra. “Fanny has one also; hers is white sarsenet and lace, of a different
shape from mine, more fit for morning carriage wear, which is what it is
intended for, and is in shape exceedingly like our own satin and lace of last
winter; shaped around the face exactly like it, with pipes and more fulness,
and a round crown inserted behind. My cap has a peak in front. Large full bows
of very narrow ribbon (old twopenny) are the thing. One over the right temple,
perhaps, and another at the left ear.”
Bonhams believes the letter,
which has been in a private collection since 1909, will fetch between £65,000
to £97,000 at auction. Sutherland said that “because of specific
domestic details within it, it would have by far the greatest resonance inside
the collection held by Jane Austen’s House Museum in the cottage where Austen
lived and wrote”.
Earlier this year, the museum
launched a crowdfunding campaign to help it raise the £35,000 it needed to buy
a snippet of a letter written by Austen in 1814. More than 250 donors raised £10,000 in a public campaign in six weeks and it is on display at the
museum.
Sutherland said it was particularly
sad that publicly funded organisations like Jane Austen’s House Museum were
unable to compete with international commercial buyers, “because so few Austen
letters are retained for public benefit in British institutions”.
“If the present owners had consulted
privately with us of course we would have been happy to try to reach a mutually
fair accommodation, but auction house prices do not sit well with what public
institutions can in most cases afford to offer,” she said.
Disponível em: https://www.theguardian.com/books/2019/oct/07/rare-jane-austen-letter-to-sister-to-be-sold-at-auction
LULA ESCREVE CARTA À CUT
Companheiras delegadas e companheiros delegados ao 13º Congresso Nacional da CUT,
Dirigentes da nossa querida Central,
Delegadas e delegados internacionais,
Desde a sua fundação, naquele inesquecível 28 de agosto de 1983 – e eu tenho um orgulho enorme de ter ajudado a criar essa Central –, a CUT sempre cumpriu um papel fundamental na defesa da classe trabalhadora, da democracia e do desenvolvimento nacional.
Nesses 36 anos de vida e de lutas, a CUT foi participante ativa, e tantas vezes decisiva, das grandes conquistas sociais, econômicas e culturais do povo brasileiro. O Brasil não teria dado, durante os governos populares, o verdadeiro salto histórico que deu, em termos de crescimento econômico, combate à pobreza e à desigualdade, geração de empregos, distribuição de renda e inclusão social, sem a contribuição independente e mobilizadora da CUT.
Da mesma forma, a Central sempre esteve na linha de frente da resistência a toda e qualquer tentativa de ferir a democracia e de confiscar direitos do nosso povo. Basta lembrar, nos anos recentes, a sua tenaz oposição ao golpe de Estado que derrubou a presidenta Dilma, bem como a sua permanente mobilização, em parceria com outros movimentos sindicais e populares, contra a escalada autoritária, antinacional e antipopular que está em curso no país.
Hoje, mais do que nunca, é necessário intensificar a luta para barrar o projeto destrutivo do governo de extrema direita, que ameaça provocar um retrocesso histórico sem precedentes. Foi na luta social e política que derrotamos a ditadura militar e é na luta democrática e transformadora que vamos derrotar o governo Bolsonaro e a tragédia nacional que ele está causando.
O papel da CUT continua insubstituível na defesa da soberania nacional e no combate à escandalosa submissão do Brasil à política unilateral, imperial e guerreira dos Estados Unidos.
Continua insubstituível na luta contra a absurda privatização das nossas maiores – e mais estratégicas – empresas públicas.
E também na luta contra o desmonte criminoso de políticas sociais indispensáveis para a existência digna de dezenas de milhões de brasileiros.
Sem falar na luta contra a exploração predatória da Amazônia e a destruição do sistema de proteção ambiental que levamos tantos anos para construir.
E na luta contra o desemprego, a miséria e a fome que voltaram a assolar o país.
E é claro que a CUT deve continuar liderando a luta contra as tentativas do governo Bolsonaro de fragilizar e destruir as organizações sindicais e a legislação trabalhista.
Por tudo isso, esse 13º Congresso é muito importante não só para a CUT e a classe trabalhadora, mas para o país como um todo.
Tenho certeza de que vocês tomarão as decisões necessárias para atualizar e fortalecer a organização da Central e para traçar um plano de lutas à altura dos graves desafios nacionais.
Tenho certeza de que a CUT continuará também prestando a sua solidariedade ativa às lutas dos trabalhadores da América do Sul, da América Latina e do mundo inteiro, e ajudando a consolidar um sindicalismo internacional democrático e combativo, capaz de enfrentar com êxito a ofensiva do capital para desregulamentar e precarizar o mundo do trabalho.
Gostaria muito de estar aí hoje junto com vocês, como sempre estive. Mas vocês sabem que política e moralmente estou aí sim, abraçado a cada companheira, a cada companheiro.
Daqui onde estou, sem barganhar em momento algum a minha dignidade, muito mais livre que meus algozes, que continuam presos a suas mentiras, envio às mulheres e homens que fazem da CUT esse admirável instrumento de luta do povo brasileiro, a minha mais carinhosa saudação.
Luiz Inácio Lula da Silva
Disponível em: https://revistaforum.com.br/politica/em-carta-a-cut-lula-alerta-para-necessidade-de-se-intensificar-a-luta-contra-o-projeto-destrutivo-do-governo/
Dirigentes da nossa querida Central,
Delegadas e delegados internacionais,
Desde a sua fundação, naquele inesquecível 28 de agosto de 1983 – e eu tenho um orgulho enorme de ter ajudado a criar essa Central –, a CUT sempre cumpriu um papel fundamental na defesa da classe trabalhadora, da democracia e do desenvolvimento nacional.
Nesses 36 anos de vida e de lutas, a CUT foi participante ativa, e tantas vezes decisiva, das grandes conquistas sociais, econômicas e culturais do povo brasileiro. O Brasil não teria dado, durante os governos populares, o verdadeiro salto histórico que deu, em termos de crescimento econômico, combate à pobreza e à desigualdade, geração de empregos, distribuição de renda e inclusão social, sem a contribuição independente e mobilizadora da CUT.
Da mesma forma, a Central sempre esteve na linha de frente da resistência a toda e qualquer tentativa de ferir a democracia e de confiscar direitos do nosso povo. Basta lembrar, nos anos recentes, a sua tenaz oposição ao golpe de Estado que derrubou a presidenta Dilma, bem como a sua permanente mobilização, em parceria com outros movimentos sindicais e populares, contra a escalada autoritária, antinacional e antipopular que está em curso no país.
Hoje, mais do que nunca, é necessário intensificar a luta para barrar o projeto destrutivo do governo de extrema direita, que ameaça provocar um retrocesso histórico sem precedentes. Foi na luta social e política que derrotamos a ditadura militar e é na luta democrática e transformadora que vamos derrotar o governo Bolsonaro e a tragédia nacional que ele está causando.
O papel da CUT continua insubstituível na defesa da soberania nacional e no combate à escandalosa submissão do Brasil à política unilateral, imperial e guerreira dos Estados Unidos.
Continua insubstituível na luta contra a absurda privatização das nossas maiores – e mais estratégicas – empresas públicas.
E também na luta contra o desmonte criminoso de políticas sociais indispensáveis para a existência digna de dezenas de milhões de brasileiros.
Sem falar na luta contra a exploração predatória da Amazônia e a destruição do sistema de proteção ambiental que levamos tantos anos para construir.
E na luta contra o desemprego, a miséria e a fome que voltaram a assolar o país.
E é claro que a CUT deve continuar liderando a luta contra as tentativas do governo Bolsonaro de fragilizar e destruir as organizações sindicais e a legislação trabalhista.
Por tudo isso, esse 13º Congresso é muito importante não só para a CUT e a classe trabalhadora, mas para o país como um todo.
Tenho certeza de que vocês tomarão as decisões necessárias para atualizar e fortalecer a organização da Central e para traçar um plano de lutas à altura dos graves desafios nacionais.
Tenho certeza de que a CUT continuará também prestando a sua solidariedade ativa às lutas dos trabalhadores da América do Sul, da América Latina e do mundo inteiro, e ajudando a consolidar um sindicalismo internacional democrático e combativo, capaz de enfrentar com êxito a ofensiva do capital para desregulamentar e precarizar o mundo do trabalho.
Gostaria muito de estar aí hoje junto com vocês, como sempre estive. Mas vocês sabem que política e moralmente estou aí sim, abraçado a cada companheira, a cada companheiro.
Daqui onde estou, sem barganhar em momento algum a minha dignidade, muito mais livre que meus algozes, que continuam presos a suas mentiras, envio às mulheres e homens que fazem da CUT esse admirável instrumento de luta do povo brasileiro, a minha mais carinhosa saudação.
Luiz Inácio Lula da Silva
Disponível em: https://revistaforum.com.br/politica/em-carta-a-cut-lula-alerta-para-necessidade-de-se-intensificar-a-luta-contra-o-projeto-destrutivo-do-governo/
domingo, 6 de outubro de 2019
Em carta, Lula agradece o título de cidadão honorário concedido pela Prefeitura de Paris.
Em carta, Lula
agradece o título de cidadão honorário concedido pela Prefeitura de Paris. A
honraria, dedicada a figuras ao redor do mundo que lutam pelos direitos
humanos, já foi concedida a 17 personalidades. Foram contemplados nomes como
Nelson Mandela e o cacique Raoni.
“Ao Conselho de Paris,
Recebi com emoção o voto do
Conselho de Paris que me concedeu o título de Cidadão de Honra. Agradeço de
coração, especialmente à prefeita Anne Hidalgo, esse gesto de solidariedade
ativa que alcança a todas e todos que defendem a democracia e a justiça no
Brasil e sofrem as consequências dessa luta. É o povo brasileiro, não apenas
este cidadão, que merece e precisa de sua proteção fraternal.
Paris ocupa na história da
humanidade o elevado posto de guardiã perene dos direitos humanos. E o povo de
Paris sempre foi generoso com os perseguidos do mundo, do que podemos dar
testemunho nós, brasileiros, e nossos irmãos e irmãs da América Latina. Jamais
esqueceremos o acolhimento que deram a toda uma geração exilada e o
imprescindível apoio à luta pela democracia em nossa região.
É com tristeza que vemos as
liberdades políticas e os direitos humanos outra vez cerceados no Brasil e no
continente, depois de três décadas de construção da democracia e crescente
realização de direitos dos trabalhadores, dos excluídos, das mulheres, dos
negros, dos indígenas, das pessoas discriminadas e perseguidas. Vínhamos
buscando o desenvolvimento socialmente e ambientalmente sustentável, o diálogo
pela paz mundial e a cooperação entre países.
Este caminho foi interrompido
por métodos antidemocráticos que incluem a manipulação do sistema judicial para
a perseguição política, a interdição do debate nos meios de comunicação, a
serviço de poderosos interesses econômicos e políticos, o envenenamento da
sociedade pela disseminação industrial do ódio e da mentira nas redes sociais.
Mas daqui onde me encontro, preservo a fé em nosso povo, que terá
força e sabedoria para refazer o próprio destino. Sei que a verdade vencerá.
O acolhimento e a solidariedade
que nos estende o povo de Paris, por meio deste Conselho, será mais uma vez de
inestimável valia, para furar o muro de silêncio da mídia brasileira e para
denunciar ao mundo os crimes que estão sendo cometidos contra a democracia em
nosso país.
Muito obrigado, mais uma vez.
Saudações fraternas,
Luiz Inácio Lula da Silva”
Curitiba, Brasil, 4 de outubro de 2019
Disponível em: https://nocaute.blog.br/2019/10/04/lula-paris-ajudou-a-furar-o-muro-de-silencio-da-midia-brasileira/
O que a tecnologia Bluetooth tem a ver com um rei viking do século 10
Em 1999, chegou ao
mercado uma tecnologia que permitia conectar
dispositivos fixos e móveis a curta distância por meio de uma frequência de
rádio de ondas curtas.
Era o Bluetooth, que provavelmente
está presente no seu celular e outros aparelhos eletrônicos, mas cujo nome
talvez você nunca tenha entendido — em tradução livre do inglês, algo como
"dente azul".
Mas o que um dente tem a ver com esta
tecnologia nascida na virada para do milênio? É preciso voltar alguns séculos e
viajar para os países nórdicos da Europa.
Rei viking
O "Bluetooth original" era
Harald Gormsson, apelidado de Blåtand (Dente Azul, em dinamarquês), rei da
Dinamarca de 958 a 986, e também da Noruega, quando a conquistou a partir do
ano 970.
Gormsson introduziu
o cristianismo na Dinamarca e consolidou seu poder sobre a maior
parte da Jutlândia e da Zelândia, respectivamente a maior porção continental e
a maior ilha da Dinamarca.
Existem várias versões para explicar seu apelido. Diz-se que ele era
chamado assim porque não tinha uma aparência muito nórdica, tendo pele morena e
cabelos escuros — blå, é "escuro" para os
antigos nórdicos.
Outra, mais difundida, diz que ele
tinha um dente azulado ou escuro por conta de uma doença.
Um milênio depois, o apelido foi
ressuscitado no Vale do Silício, parte do Estado americano da Califórnia que
concentra muitas das principais empresas de tecnologia do mundo.
Saga nórdica
Em uma reunião de expoentes da
indústria de computadores realizada em 1996 com objetivo de padronizar a
tecnologia de conectividade por ondas curtas estava Jim Kardash, da Intel.
Dizem que Kardash,
encarregado de desenvolver essa tecnologia para laptops, estava lendo o
livro The Long Ships, um romance que conta as aventuras dos
vikings e como Harald "Bluetooth" Gormsson conseguiu unificar as
diferentes tribos dinamarquesas sob sua coroa.
Kardash, que trabalhava para
conseguir que dispositivos diferentes se comunicassem sem fio, encontrou um
paralelo entre Harald "Bluetooth" e a nova tecnologia, e o apelido do
rei virou o nome da ferramenta.
O site oficial da Bluetooth diz que
Kardash afirmou, na época: "O rei Harald Bluetooth ficou famoso por
unificar a Escandinávia da mesma maneira que estávamos tentando unificar as
indústrias de computadores e celulares com uma conexão sem fio de curto
alcance".
No entanto, o mesmo site reconhece
que o nome era apenas provisório, até que surgisse algo mais atraente.
Mas com a consagração da tecnologia,
prevaleceu também o nome.
Logotipo rúnico
A relação entre a tecnologia
Bluetooth e a Escandinávia não para aí.
O logotipo usa símbolos rúnicos —
letras características de línguas germânicas e escandinavas da época.
O Bluetooth se distingue pela fusão
das runas H e B, as iniciais do Harald Bluetooth. Esse é o símbolo que aparece
na barra de menu, na parte superior da tela dos dispositivos toda vez que você
liga as configurações do Bluetooth.
Deve-se notar que os pioneiros dessa tecnologia
no final dos anos 80 foram Nils Rydbeck e Johan Ullman, dois suecos.
Em outras palavras, dois escandinavos.
E a reunião histórica realizada em 1996
para padronizar o sistema de conectividade incluiu as empresas Ericsson e
Nokia, na época gigantes da tecnologia móvel.
A primeiro é sueca e a segunda,
finlandesa, regiões nórdicas dominadas séculos atrás pelos vikings.
Disponível em: https://www.bbc.com/portuguese/geral-49915253
terça-feira, 1 de outubro de 2019
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